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O alto custo do biodiesel ainda é um dos principais entraves brasileiros para a produção deste combutível. ´O Brasil tem clima, terra e vontade absolutamente suficientes para ser um grande produtor de bioenergia. Seu pioneirismo nesse campo é histórico e inquestionável´, defendeu o professor Luiz Augusto Horta Nogueira, do Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), de Minas Gerais. ele foi um dos debatedores da mesa redonda As Questões Tecnológicas do Biodiesel realizada ontem, na Universidade de Fortaleza (Unifor), realizada ontem durante o 7º Congresso Internacional sobre Gestão Distribuída e Energia no Meio Rural - Agrener GD 2008.

Horta lembrou que apesar de estar funcionando no Brasil, sendo misturado a outros combustíveis, o biodiesel ainda tem um preço alto, em torno de R$ 2 bilhões por ano. ´É preciso repensar o programa do governo para que ele justifique os benefícios sociais e ambientais. Nesse sentido, a revisão que o governo pretende fazer é positiva´, afirmou o professor.

Ele acrescentou que a matéria-prima também ainda é um problema a resolver. ´A soja não traz o benefício esperado e a mamona tem um valor de mercado muito alto para ser queimada´, afirmou.

O problema, segundo ele, tem como maior obstáculo a desinformação. ´Falam do pinhão manso e da utilização de outras plantas na fabricação do biodiesel, mas falta informação sobre a produtividade de cada uma. Essa não só é uma questão tecnológica, mas também econômica e social. Se o objetivo é gerar renda, por que queimar a matéria-prima a qualquer custo?´, questionou.

O engenheiro químico e empresário cearense, Expedito Parente, concorda com a necessidade de reformulação do programa federal em vigor. ´O principal problema do programa é a falta de visão objetiva. O modelo é que está errado. O Brasil é heterogêneo, por isso o programa precisa ser regionalizado. Ele não pode adotar um marco regulatório geral´, explica o cientista, que lembra que o produto tem valores diferentes no Ceará, na Amazônia ou em São Paulo.

Sobre a alegação do alto custo do combustível, ele rebate. ´O biodiesel não é só sucedâneo do óleo diesel. Ele tem três missões básicas a cumprir: a primeira é ambiental, na medida que ele diminui o aquecimento global do planeta e as poluições ambientais localizadas. Em segundo lugar, vem sua missão social, com a eliminação da miséria no campo. E em terceiro, tem a questão estratégica, pois não se faz um programa de energia de última hora. Precisamos estar preparados para quando faltar petróleo´, resumiu.

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